Estudo Dirigido – 2º ANO
1. Explique o que quer dizer cada um dos itens abaixo, segundo Francis Bacon:
a. Os ídolos da tribo
“...estão fundados na própria natureza humana, na própria tribo ou espécie humana. [...] Todas as percepções, tanto dos sentidos como da mente, guardam analogia com a natureza e não com o Universo’. Isso significa que muitos dos nossos enganos derivam da tendência ao antropomorfismo.”
b. Os ídolos da caverna
“...são os provenientes ‘dos homens enquanto indivíduos. Pois, cada um – além das aberrações próprias da natureza em geral – tem uma caverna ou uma cova que intercepta e corrompe a luz da natureza; seja devido à educação ou conversão com os outros.’”
c. Os ídolos do foro
“... são os que advêm, de certa forma, das relações decorrentes do comércio. ‘Com efeito, os homens se associam graças ao discurso, e as palavras são cunhadas pelo vulgo. E as palavras, impostas de maneira imprópria e inepta, bloqueiam espantosamente o intelecto. [...] E os homens são, assim, arrastados a inúmeras e inúteis controvérsias e fantasias.’”
d. Os ídolos do teatro
“... são os ‘ídolos que imigraram para o espírito dos homens por meio das diversas doutrinas filosóficas e também regras viciosas da demonstração. [...] Ademais, não pensamos apenas nos sistemas filosóficos, na sua universalidade, mas também nos numerosos princípios e axiomas das ciências que entraram em vigor, mercê da tradição, da credulidade e da negligência’”.
2. Explique as duas fontes possíveis para as idéias segundo Jonh Locke.
“Ao escolher o caminho da psicologia, Locke distingue duas fontes possíveis para nossas idéias: a sensação e a reflexão. A sensação é o resultado da modificação feita na mente por meio dos sentidos. A reflexão é a percepção que a alma tem daquilo que nela ocorre. Portanto, a reflexão se reduz apenas à experiência interna do resultado da experiência externa produzida pela sensação.”
3. O que são, segundo Jonh Locke, as idéias complexas?
“O que ocasiona a produção de uma idéia simples na mente é a “qualidade” do objeto. Há qualidades primárias, como a solidez, a extensão, a configuração, o movimento, o repouso e o número, e qualidades secundárias (cor, som, odor, sabor, etc.), que provocam no sujeito determinadas percepções sensíveis. Enquanto as primárias são objetivas, por existirem realmente nas coisas, as secundárias variam de sujeito par sujeito e, como tais, são relativas e subjetivas.
Por meio da análise, o sujeito ata e desata as idéias simples, produzindo as idéias complexas. Estas, já que são formadas pelo intelecto, não têm validade objetiva. São nomes de que nos servimos para denominar e ordenar as coisas. Daí o seu valor prático, e não cognitivo. Se estabelecermos uma comparação com o processo cartesiano, podemos dizer que, enquanto Descartes enfatiza o papel do sujeito no processo do conhecimento, Locke enfatiza o papel do objeto.”
4. Qual é a crítica que Locke faz à doutrina das idéias inatas de Descartes?
“Locke critica a doutrina das idéias inatas de Descartes, afirmando que a alma é como uma tabula rasa (tábua sem inscrições), como uma cera em que não há qualquer impressão, e o conhecimento só começa após a experiência sensível. Se houvesse idéias inatas, as crianças já teriam; além disso, a idéia de Deus não se encontra em toda parte, pois há povos sem essa representação ou, pelo menos, sem a representação de Deus como ser perfeito.”
5. Aponte as características do Iluminismo.
“Século das Luzes”, “Ilustração”, “Alfklärung”. Trata-se do otimismo no poder das luzes da razão de reorganizar o mundo humano. Sofre influência na revolução científica. Os pensadores iluministas tinham como ideal a extensão dos princípios do conhecimento crítico a todos os campos do mundo humano. O ser humano não mais se contenta a contemplar a harmonia da natureza: quer conhecê-la e dominá-la.”
6. Explique porque o sistema capitalista se fortaleceu com o Iluminismo.
“A exaltação do poder humano decorre, segundo Desné, do fato de que ‘a segurança do filósofo é a segurança do burguês que deve à sua inteligência, ao espírito de iniciativa e de previdência, o lugar que tem na sociedade. [...] A emancipação do homem, na qual Kant vê o traço distintivo do Iluminismo, é a emancipação de uma classe, a burguesia, que atinge sua maioridade’.
Nesse momento dá-se o fortalecimento do sistema capitalista como modo de produção predominante, cuja expressão é a Revolução Industrial, marcada pelo aparecimento da máquina a vapor, em meados do século XVIII, e que introduz o processo de mecanização das indústrias.”
7. Explique como o Iluminismo influenciou:
a. A Inglaterra
“Na Inglaterra, seus representantes fizeram furor em sua época, sobretudo por serem conhecidos como livres pensadores, no sentido de desenvolverem uma crítica à Igreja oficial e pregarem a tolerância religiosa. Nesse aspecto, são os iniciadores do deísmo, que daí em diante influenciará os demais pensadores iluministas, ainda que a partir de elaborações diferentes do que se entendia por religião natural, além de provocarem reações vigorosas no clero. Entre os deístas ingleses, destacam-se John Toland, discípulo de Locke, além de Antony Collins, Lord Boling-broke, entre outros.”
b. A França
“França, seus expoentes são Montesquieu, Voltaire, Rousseau. O poder de penetração da Ilustração nesse país se deve, sobretudo, ao caráter vulgarizador da produção de seus filósofos, empenhados em “levar as luzes a todas as pessoas.
Importante nesse processo é a publicação da Enciclopédia, obra imensa cujo trabalho de edição e redação dos verbetes são confiados a diversos intelectuais como Voltaire, Helvetius, Montesquieu, Rousseau, Condillac, D´Allembert, Diderot.”
c. A Alemanha
“Na Alemanha, o movimento é conhecido como Aufklärung (Esclarecimento). Vale acentuar a especificidade desse “país”, já que não podemos falar em autonomia nacional, porque a unificação alemã só ocorreu no século XIX. Naquele momento, a Alemanha não passa de um agregado de Estados que têm em comum a língua e algumas tradições. A economia feudal ainda predominante impede a ascensão da burguesia rica e esclarecida e mantém o povo na miséria. Além disso, a Alemanha se acha extenuada pela Guerra dos Trinta Anos. Só na segunda metade do século XVIII, começam a aparecer sinais da emancipação intelectual, sobretudo na produção literária como Lessing, Herder, Goethe, Schiller; e na musical, com os descendentes de Bach (Carl Philipp e Joahann C.) e Haendel, Haydn, Mozart, Schubert, Beethoven.”
8. O que Immanuel Kant questiona em sua obra Crítica da Razão Pura?
Questiona, na obra Crítica da razão pura, se é possível uma “razão pura” independente da experiência, por isso seu método é conhecido como criticismo. Ao desenvolvê-lo, Kant “desperta do sono dogmático” em que estavam mergulhados os filósofos anteriores, já que eles não questionam a existência da realidade nem duvidam que as idéias da razão correspondam à realidade.
9. Como Kant tenta superar a dicotomia racionalismo-empirismo?
“Diante da pergunta “Qual é o verdadeiro valor dos nossos conhecimentos e o que é conhecimento?”, Kant coloca a razão em um tribunal para julgar o que pode ser conhecido legitimamente e que tipo de conhecimento não tem fundamento. Com isso pretende superar a dicotomia racionalismo-empirismo. Condena os empiristas (tudo que conhecemos vem dos sentidos) e, da mesma forma, não concorda com os racionalistas (tudo quanto pensamos vem de nós): o conhecimento deve constar de juízos universais, da mesma maneira que deriva da experiência sensível.
Para superar essa contradição, Kant explica que o conhecimento é constituído de matéria e forma. A matéria dos nossos conhecimentos são as próprias coisas, e a forma somos nós mesmos. Exemplificando: para conhecer as coisas, precisamos da experiência sensível; mas essa experiência não será nada se não for organizada por formas da nossa sensibilidade, que, por sua vez, são a priori do tempo e o espaço não existem como realidade externa, são antes formas que o sujeito põe nas coisas.”
10. Por que Kant conclui não ser possível conhecer as coisas tais como são em si?
“Kant também conclui não ser possível conhecer as coisas tais como são em si, ou seja, o noumenon (a coisa – em si) é inacessível ao conhecimento. Apenas podemos conhecer os fenômenos, para que, etimologicamente, significa “o que parece”. Kant inova ao afirmar que a realidade não é um dado exterior, ao qual o intelecto deve se conformar, mas, o contrário, o mundo dos fenômenos só existe na medida em que “aparece” para nós. Portanto, de certa forma, participamos de sua construção.
Prosseguindo a análise da possibilidade do conhecimento, Kant se depara com dificuldades insolúveis ao questionar as realidades da metafísica, tais como a existência de Deus, a imortalidade da alma, a liberdade, a infinitude do universo.”
11. Para Kant, como o conhecimento é constituído?
“Retomando nosso raciocínio, para Kant, todo o conhecimento é constituído pela forma a priori do espírito e pela matéria fornecida pela experiência sensível. Ora, os seres da metafísica não podem preencher essa segunda exigência: não temos experiência sensível de Deus, por exemplo. Decorre dessa constatação a impossibilidade do conhecimento metafísico, portanto, devemos nos abster de afirmar ou negar qualquer coisa a respeito dessas realidades. Trata-se de um agnosticismo (etimologicamente, a, “não”, e gnosis, “conhecimento”). Somos agnósticos quando consideramos a razão incapaz de afirmar ou negar a existência de Deus. O agnosticismo não se confunde com o ateísmo, pelo qual negamos taxativamente que Deus existe.”
12. O que Kant propõe em sua obra Crítica da Razão Prática?
“Entretanto, em outra obra, Crítica da Razão Prática, Kant tenta recuperar as realidades da metafísica que destruíra no processo anterior. Enquanto a razão pura se ocupa das idéias, a razão prática se volta para a ação moral, que só é possível porque os seres humanos – ao contrario da natureza, sujeita aos determinismos – podem agir mediante ato de vontade, por autodeterminação. Pela análise do mundo ético, Kant recoloca as questões da liberdade humana, da imortalidade da alma e da existência de Deus.”
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